
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, e o novo líder do PS, José Luís Carneiro. Foto "Diário de Notícias"
Lisboa, 01 Jul (AIM)- O novo secretário-geral do Partido Socialista, José Luís Carneiro, avisou esta terça-feira (01) que a legislação proposta pelo Governo da AD Coligação PSD/CDS-PP, liderado por Luís Montenegro, a ser discutida na Assembleia da República (AR), o parlamento português e que pretende aumentar as restrições à imigração para o território português e ao acesso à nacionalidade portuguesa, não tem condições para ter voto favorável do PS.
José Luís Carneiro garantiu esta terça-feira ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em audiência em Belém, que os socialistas estão disponíveis para dialogar com o Governo da AD.
Sem se referir directamente sobre a viabilização de Orçamentos, José Luís Carneiro alertou, contudo, que o primeiro-ministro Luís Montenegro não pode contar com ele se os planos do Executivo puserem em causa “os alicerces do Estado social”, acrescentando que, como estão, as alterações à lei no que toca à imigração não contam com o voto favorável do PS.
O novo líder socialista, eleito no último sábado (28), foi recebido, na tarde desta terça-feira, em Belém, pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
No final da audiência, José Luís Carneiro revelou à jornalistas que transmitiu a Marcelo Rebelo de Sousa que o PS está disponível para um diálogo “responsável e construtivo” com o Governo. Deu exemplos de matérias nas quais o PS está disposto a contribuir são o aperfeiçoamento do sistema de Justiça e do Sistema de Segurança Interna, assim como o aumento do investimento em Defesa – através de um “plano estratégico nacional que valorize a dimensão industrial militar”.
Segundo Carneiro, o investimento não pode, contudo, pôr em causa a sustentabilidade social, coesão territorial e coesão económica.
Essa é, de resto, a linha vermelha traçada pelo secretário-geral socialista. Admitindo que não falou, em particular, com o Presidente da República sobre a viabilização de Orçamentos do Estado, José Luís Carneiro estabeleceu que irá opor-se ao Governo em “tudo quanto coloque em causa” os “alicerces do Estado social”.
Falando à jornalistas antes da audiência, Marcelo Rebelo de Sousa disse que queria ouvir do novo líder do PS sobre Orçamentos do Estado.
“Consoante está hoje”, a legislação proposta pelo Governo, e depositada em sede do Parlamento, “não tem condições para ter o voto favorável do PS”, sublinhou José Carneiro, que traz para a sua liderança a sua vontade de reerguer o partido, depois da derrota nas Legislativas antecipadas de 18 de Maio último.
É preciso que o Governo abra a possibilidade de haver uma discussão sobre as matérias em apreço”, sublinhou Carneiro, afirmando que “há matérias mais sensíveis”.
Os socialistas entendem, por exemplo, que os cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) devem ter um tratamento “merecedor da reciprocidade” de que os portugueses são “beneficiários nesses países”.
“Mas há dimensões que, naturalmente, não podem contar com o voto favorável do PS”, reafirmou.
Não obstante a missão difícil que o novo líder do PS tem pela frente, José Luís Carneiro promete trabalhar com todos e distancia-se dos políticos do “espectáculo.”
Carneiro quer trilhar um caminho sem “precipitações” e “tácticas”, vincando os “valores e princípios” do PS. “Muitos partidos têm a tentação de ceder à ‘política-espetáculo’. Esperem de mim uma postura diferente”, afirma o “ponderado” líder socialista.
(AIM)
DM