Delegações da Etiópia e do Sudão do Sul visitam Moçambique para troca de experiências na gestão de riscos de desastres
Maputo, 16 Dez 2025 (AIM) – Moçambique volta a afirmar-se como referência regional na gestão do risco de desastres naturais, ao acolher uma visita técnica de delegações da Etiópia e do Sudão do Sul, interessadas em adaptar o modelo do país de monitoria, aviso prévio e coordenação multissectorial, num contexto marcado pelo aumento de eventos climáticos extremos.
Falando durante a visita, a Presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Luísa Meque, destacou que a presença das delegações representa uma ocasião ímpar para a troca de ideias e experiências, num contexto em que os impactos dos desastres têm vindo a tornar-se cada vez mais devastadores devido às mudanças climáticas.
Segundo a dirigente, Moçambique procura responder a este desafio através do reforço contínuo do seu sistema de gestão de riscos, envolvendo vários sectores do Estado e parceiros internacionais.
Um dos principais pontos de interesse da visita é a Sala de Situações de Moçambique, instalada no Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE), considerada peça-chave no sistema de aviso prévio.
Luísa Meque explicou que esta infra-estrutura resulta de uma combinação de parcerias estratégicas, envolvendo o Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNDRR), a Fundação CIMA, a organização We World e a Protecção Civil Italiana, que contribuíram com apoio técnico, equipamentos e capacitação de quadros nacionais.
“A Sala de Situações foi concebida para permitir a monitoria em tempo real de fenómenos extremos, a análise de dados e a tomada de decisões rápidas e coordenadas”, afirmou Meque.
De acordo com a fonte, o sistema está ligado às Salas de Situações da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da União Africana, reforçando a cooperação regional e continental.
A dirigente revelou ainda dados preocupantes sobre o impacto recente dos fenómenos climáticos no país, salientando que, na última época chuvosa e ciclónica (2024/2025), Moçambique foi afectado por três ciclones de grande intensidade, sobretudo na região norte, tendo igualmente registado situações de seca em alguns distritos das regiões Centro e Sul.
“Estes eventos afectaram mais de 2,4 milhões de pessoas, por isso a importância de um sistema de aviso prévio cada vez mais robusto, integrado e eficaz”, vincou.
Por seu turno, o Responsável do Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres junto à União Africana, Mathewos Tulu, afirmou que o principal objectivo da visita é aprender com a experiência de Moçambique no estabelecimento e operacionalização de Salas de Situações multirriscos.
Segundo Tulu, a Etiópia e o Sudão do Sul pretendem também compreender os benefícios das ligações existentes entre Moçambique e outros centros regionais de cooperação humanitária.
“O resultado esperado desta troca é o desenvolvimento de um plano de acção concreto, que permita aos dois países adaptar e implementar as melhores práticas aprendidas”, explicou.
Mathewos Tulu destacou ainda que, apesar de a Etiópia apresentar alguns avanços em relação ao Sudão do Sul, o objectivo é harmonizar os níveis de operacionalidade, garantindo sistemas funcionais e sustentáveis de aviso prévio.
O responsável realçou igualmente que o processo será de aprendizagem mútua, permitindo também a Moçambique beneficiar das experiências e soluções desenvolvidas nos dois países.
A visita decorre num momento em que Moçambique se encontra em plena época chuvosa, com o seu Plano de Contingência em execução, oferecendo às delegações a oportunidade de observar, na prática, o funcionamento da Sala de Situações e o papel central que desempenha na protecção de vidas e bens.
(AIM)
Paulino Checo/sg
