Rosa Inguane, da AIM, em Matibane
Matibane (Moçambique), 02 Abr (AIM) – As obras em curso no porto de Nacala, na nortenha província moçambicana de Nampula, estão já na sua fase conclusiva, projectando-se o seu término para o próximo mês de Maio.
O porto natural de Nacala, situa-se na baía do Bengo, província de Nampula, nas águas mais profundas da costa oriental de África, com ligações ferroviárias para o interior de Moçambique e para o exterior.
Falando sábado (01), em Matibane, no distrito costeiro de Mossuril, em Nampula, à margem do XXVI Conselho de Directores da empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), o Presidente do seu Conselho de Administração, Agostinho Langa, assegurou que o porto de Nacala será o mais moderno de Moçambique, uma vez que a reabilitação e expansão em curso irá eliminar alguns dos problemas que provocam constrangimentos como o do acesso, pois só tinha uma única via de entrada e saída, aliada a dificuldade de flexibilidade no manuseamento de carga.
“Com a reabilitação não só vai aumentar a capacidade que passará de 100 mil contentores, ano, para cerca de 250 mil, como também espera-se que a produtividade no manuseamento de contentores passe dos actuais seis para cerca de 24, por hora. Com a introdução dos pórticos haverá essa facilidade de manuseamento de contentores com muita rapidez”, explicou.
Por todas estas razões, disse, os CFM esperam ter um porto competitivo, não apenas no manuseamento da carga, mas também porque passará a ter um sistema de gestão mais moderno.
Questionado sobre se os custos serão atraentes aos olhos dos operadores, Langa afirmou que essa questão coloca-se principalmente quando o serviço prestado não é de qualidade.
“Muitas vezes a questão das tarifas coloca-se quando o serviço não é bom, quando é bom o cliente não recorre a reclamação, se ele não perde tempo no porto, então o custo da logística acaba sendo muito barato. Portanto, esperamos ser competitivos nesse sentido”, sublinhou.
O PCA dos CFM reconheceu que a solução dos problemas de erosão na cidade de Nacala, principalmente na época chuvosa que arrasta quantidades enormes de areia para o porto, transcende as capacidades das autoridades municipais.
“Sabemos que a erosão deriva da falta de obras de protecção a montante, a nível da cidade e, pela avaliação que fizemos, o grau de destruição ultrapassa as capacidades do município. É algo que teremos que ver a nível central”, concluiu.
Por seu turno, o Secretário de Estado para a província de Nampula, Jaime Neto, instou os CFM a cogitarem a abertura de mais linhas para melhorar a circulação de pessoas e bens, tendo em consideração os investimentos que a empresa está a fazer em infra-estruturas e meios circulantes com destaque para o porto de Nacala.
“No entanto, gostaríamos que nas vossas discussões reflectissem em mais soluções para ultrapassarmos as situações de paralisação de comboios, em particular aqui em Nampula, permitindo que as pessoas e carga possam ser transportadas sem sobressaltos”, apelou.
Neto entende ainda que os CFM devem continuar a ser expansivos nas suas acções de responsabilidade social. “Exortar os CFM a olharem, cada vez mais para a sua responsabilidade social, porque os comboios e navios, passam em territórios onde estão as comunidades”, pontuou.
Os investimentos em curso no porto de Nacala, cujo valor global, da primeira e segunda fase, totalizam 300 milhões de dólares norte-americanos. As obras quando forem concluíds, irão catapultar a capacidade de manuseamento de 100 mil contentores, de 20 pés por ano, para 250 mil.
Entre outras vantagens, o porto de Nacala tem condições excepcionais de navegabilidade, o que permite a entrada e saída de navios 24 horas por dia, não tem limitações de calado e não necessita de dragagem.
Dispõe também de um terminal de carga geral com quatro cais com capacidade para manusear 2.4 milhões de toneladas de carga diversa por ano.
O Corredor de Nacala reforça a integração regional e a cooperação entre Moçambique e os restantes países da África Austral.
(AIM) RI/FF