
Director-geral do Instituto Nacional de Saúde, Eduardo Samo Gudo
Lusaka, 07 Dez (AIM) – Moçambique lidera a produção científica na área de saúde dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOPs), com uma margem superior a 60 por cento, bem como uma progressão assinalável a nível do continente.
O director-geral do Instituto Nacional de Saúde (INS), Eduardo Samo Gudo, anunciou o facto em entrevista recente concedida à AIM, durante o balanço da participação do país na Conferência Internacional da Saúde Pública em África, que teve lugar em Lusaka, capital zambiana.
Durante o evento instituições moçambicanos apresentaram uma série de produções científicas, nomeadamente, particularmente o INS e o Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
“Moçambique tem vindo a crescer a nível de produção científica. As instituições que fazem pesquisas e os investigadores mostram uma grande evolução nos últimos anos. A produção do país é mais de 60 por cento dos PALOP em África”, disse Samo Gudo no rescaldo da CPHIA2023.
A evolução do país na investigação científica em matérias de saúde tem a ver com os investimentos na formação e fortalecimento das instituições de investigação.
Como exemplo apontou o INS que é a mais forte instituição em termos de robustez nos PALOP, para além das universidades e outras instituições que se dedicam a investigação no país.
Referiu que também se regista uma melhoria assinalável no ambiente científico e regulatório do país, apontando como exemplo a aprovação recente da Lei de Investigação em Saúde Humana, que é um instrumento que visa impulsionar a pesquisa, para além do esforço notório dos cientistas nacionais em melhorar o seu desempenho em termos de número e qualidade dos trabalhos realizados.
“Há artigos que um único vale por dez. Por exemplo, um artigo publicado na revista The Lancet ou na Science vale 20 vezes mais que um artigo publicado numa outra revista de menor dimensão. É um conjunto de factores que nos orgulha porque em quase todos os eventos científicos em África, Moçambique é o país dos PALOP que está em maior presença”, salientou.
Na CPHIA23, o INS participou com uma equipa de quatro cientistas, liderados por Samo Gudo, que apresentaram temas tais como Fortalecimento dos Sistemas de Preparação e Resposta, Soluções Inovadoras para abordar os Impactos das Mudanças Climáticas na Saúde.
Na qualidade de Presidente do Conselho Técnico Científico do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças em África (África (CDC), a fonte apresentou a sua experiência na criação de estruturas regionais de colaboração na área de saúde pública na região.
O ponto mais alto da participação do país na CPHIA2023 foi durante uma sessão plenária sobre o tema “Salvaguardar a Segurança Sanitária de África. Emergências Sanitárias, Biossegurança, Alterações Climáticas e Mecanismos de Resposta Multissectoriais”, onde Samo Gudo e outros painelistas de relevo a nível do continente convergiram sobre a necessidade de África aumentar a segurança sanitária para lidar com emergências.
A constatação surge numa altura em que, relatório do Índice Global de Segurança Sanitária de 2021 mostra que apenas dois países entre os 54 inquiridos atingiram valores superiores a 50 por cento em termos de biossegurança e bioprotecção.
Essa realidade indica que os países africanos devem agir rapidamente para ultrapassar problemas e estrangulamentos para melhorar a biossegurança dos seus povos, à medida que o continente tenta reposicionar-se na arquitectura global da saúde.
No referido painel, o director-geral do INS disse que, para o fortalecimento dos sistemas de saúde em África os países devem ter como suporte dados baseados em evidência científica para que possam construir sistemas de saúde com resiliência climática.
“As soluções devem ser baseadas em evidências e construir essas evidências é fundamental. Precisamos de utilizar soluções locais para programas de resiliência climática”, afirmou Samo Gudo.
(AIM)
Paulino Checo (PC) /sg