Nametil, (Moçambique), 15 Jan (AIM) – O projecto Feed The Future Mozambique, (Resiliência Integrada na Nutrição e Agricultura) FTF RESINA, capacitou no ano passado 14 técnicos de 10 distritos das províncias de Nampula e Zambézia para garantir a manutenção de fontes de abastecimento de água nas comunidades.
De Novembro do ano passado a esta parte a equipa fez intervenções que abrangeram pouco mais de cinco mil famílias, num processo que, os promotores deste projecto, entendem que é contínuo.
A iniciativa faz parte do projecto FTF RESINA com a duração de cinco anos, financiado pela USAID que, para o efeito, vai desembolsar 32 milhões de dólares para apoiar agricultores das províncias de Zambézia e Nampula através de uma abordagem de sistemas alimentares locais.
Dados apurados pela AIM, junto do FTF RESINA, apontam que o projecto, que vai no seu segundo ano de implementação, tem como objectivo aumentar a capacidade de resiliência das famílias através do aumento da segurança alimentar, melhoria da gestão dos recursos naturais produtivos e também do estado nutricional das mulheres, raparigas adolescentes e crianças.
Na província de Nampula, abrange os distritos de Murrupula, Mogovolas, Ribáuè, Mecubúri e Lalaua e na Zambézia, contempla Mocuba, Ile, Gúruè, Namarrói, Lugela e Alto Molócuè.
O projecto tem uma abordagem integrada para a promoção de sistemas de água de multiuso, como consumo, saneamento e outras necessidades das comunidades, com perspectiva de geração de rendimentos para auto-suficiência, notadamente no que respeita a manutenção com a contratação de técnicos locais.
A AIM visitou algumas zonas do distrito de Mogovolas, na zona intermédia da província de Nampula, onde, particularmente mulheres, relataram que a oferta de água boa para consumo escasseia, pelo que pedem a construção de mais fontes para diminuir a distância percorrida na busca do precioso líquido, nos grandes rios, com todos os riscos inerentes.
Fátima José, residente na vila de Nametil, no bairro Mutacaze, mostra-se satisfeita pela fonte de água implantada no recinto da escola secundária local, mas, afirma que são precisas muitas mais.
“ A situação mudou, antes fazia uma distância de mais de cinco quilómetros até o rio Melúli, mas agora é só aguentar a fila aqui mesmo na bomba. Podes chegar as 04h00 da manhã e conseguir um bidão de 20 litros as 07h00. Precisamos de mais bombas”, sentenciou.
Betinha Saiíe, uma jovem de 20 anos que vive no regulado de Maiuela, 21 quilómetros distante da vila de Nametil, partilha o mesmo sentimento.
“A água da nossa bomba é boa, mas perdemos muito tempo na fila, porque somos muitos nesta povoação. Antes caminhávamos 30 quilómetros para conseguir água, estou agradecida, mas esta bomba única, não é suficiente”, explicou.
Baptista Suria, o responsável pelo furo de água nesta povoação, alinha no mesmo diapasão.
“Temos este furo desde 2011, ajuda-nos bastante, somos 146 famílias beneficiárias e cada uma paga uma taxa mensal de 20 meticais, valor que usamos para fazer a manutenção. Temos agora um técnico que nos presta serviço. Mas, mesmo funcionando das 07h00 às 17 horas, aqui fica muito cheio, porque a população é muita e tem tendência de aumentar, então precisamos de mais fontes de água boa”, assinalou.
Peter Botão, facilitador de Água e Saneamento do FTF RESINA, que presta assistência as duas províncias explicou que o principal foco é vincular os técnicos para que estejam disponíveis a atender os pedidos das comunidades, com o respaldo das autoridades locais.
“O projecto criou uma facilitação entre os técnicos locais e as comunidades. Para já, foram formados 14 dos 22 previstos, portanto este é um processo sequencial. No final nestas zonas de influência do projecto a comunidade deverá fazer a gestão das suas fontes de água de forma resiliente”, anotou.
De acordo com dados estatísticos, consultados pela AIM, a taxa de cobertura de abastecimento de água na província da Zambézia ronda os 60 por cento enquanto em Nampula, aponta-se para 58 por cento.
(AIM)
RI/sg