
Doente de cólera em Quelimane
Maputo, 22 Jan (AIM) – Uma equipa de cientistas do Instituto Nacional de Saúde (INS) está a trabalhar na vigilância genómica da cólera para identificar a dinâmica da sua transmissão em Moçambique.
O estudo também poderá aferir se a cólera que aflige o país é importada. Também poderá apurar se o país exporta a doença, bem como os marcadores da gravidade e aferir a resistência aos antibióticos, para os casos mais graves.
A pesquisa surge numa fase em que a cólera está a ganhar terreno em Moçambique, sobretudo nas províncias da região norte, com relatos de mortes e alguma pressão às unidades sanitárias, algumas das quais sem capacidade para responder aos desafios impostos pela doença.
“O objectivo é ver o gene do da bactéria para determinar as variantes, a sua dinâmica geográfica, os marcadores genéticos de gravidade, entre outros”, disse o director do Instituto Nacional da Saúde, Eduardo Samo Gudo, em entrevista recente a AIM.
“Temos vindo a fazer um trabalho que achamos que é bom em cólera”, acrescentou.
Segundo a fonte, a genómica da cólera em todo mundo ainda está numa fase inicial e Moçambique pretende usar a época chuvosa 2023-2024 para acelerar os trabalhos, cujos resultados poderão ser publicados no primeiro trimestre do corrente ano.
Segundo Samo Gudo, o grupo de cientistas encontra-se neste momento, numa fase de compilação de informação e os resultados ainda não permitem tirar conclusões concretas tendo em conta que em estudos do género a evidência deve ser consolidada.
“A fase em que estamos, entre os cientistas é fácil explicar os dados, mas para os leigos na matéria é mais difícil. Até início deste ano vamos apresentar os resultados em Moçambique”, disse o timoneiro do INS.
Dada a problemática da cólera este ano, a fonte participou recentemente nas acções de apoio a resposta ao surto da cólera na província de Cabo Delgado, zona norte do país, onde o desafio para conter a doença é maior.
Durante a visita, Samo Gudo reuniu com várias segmentos sociais para desfazer a onda de desinformação sobre a doença, bem como participar em campanhas de vacinação contra o surto, explicando as vantagens e benefícios da imunização.
Refira-se que, a nível do continente africano, de acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), já foram reportados mais de 238.000 casos positivos e 4.327 mortes em 15 países, um dos piores surtos de cólera a atingir o continente nos últimos anos.
O surto tem sido agravado por inundações, secas, ciclones e outros fenómenos meteorológicos extremos, sendo necessário tomar medidas urgentes para reforçar a preparação e a resposta dos países afectados.
(AIM)
Paulino Checo/sg