Maputo, 11 Mar (AIM) – A cidade de Maputo é palco de uma reflexão para discutir as melhores estratégias para a prevenção da oncocercose em Moçambique.
Trata-se de uma doença endémica e infecciosa, que afecta a visão, declarada em dois países que fazem fronteira com Moçambique, nomeadamente o Malawi e Tanzânia.
Aliás, a oncocercose integra a lista das doenças tropicais negligenciadas, causada por um parasita nematode, designado por Onchorcerca volvulus e a sua transmissão ocorre pela picada de mosca negra fêmea.
Falando na abertura do evento, o vice-ministro da Saúde, Ilesh Jani, deu a conhecer que 220 milhões de pessoas vivem em regiões de risco elevado para o desenvolvimento desta infecção.
“Mais de 99% das pessoas infectadas vivem em 32 países africanos, onde 14,6 milhões tem doença de pele e 1,2 milhões apresentam perda da visão”, disse.
Segundo vice-ministro, Moçambique é considerado hipoendémico para a oncocercose.
A classificação independente foi realizada através de Mapeamentos Rápidos com base na Palpação de Nódulos Subcutâneos (REMO- Rapid Epidemiological Mapping For Oncocerciasis), efectuados em 2001 à 2007, nas províncias de Cabo Delgado, Niassa, Zambézia e Tete.
Jani, disse ainda que um estudo mais rigoroso, incluindo as componentes etimológicas e serológicas foi efectuado nos distritos de Mecanhelas, Sanga e Lago, na província do Niassa, Milange e Morrumbala na Zambézia. Na província de Tete, o estudo teve lugar nos distritos de Marávia e Cahora Bassa.
Já o director nacional da saúde pública, Quinhas Fernandes, explicou que a reunião do CCPEOM, visa ainda analisar os dados do Ministério da Saúde (MISAU), tendo em conta que até ao momento o país é tido como hipoendémico.
Um estudo efectuado em 2019 indica que quatro distritos, dos quais figuram dois da província de Niassa e igual número da Zambézia, apresentam um nível de prevalência de oncocercose acima de 10%.
“Estes dados, embora preliminares, fazem com que o país tenha que se adiantar reflectindo sobre a melhor abordagem para lidar com o problema. Estamos rodeados de dois países (Malawi e Tanzânia ) que são hipoendémicos e estão actualmente a implementar um programa de eliminação. Por isso, como país, julgamos que devíamos trazer peritos internacionais que têm domínio desta matéria, para se juntarem a peritos nacionais e, em conjunto, analisarmos e decidirmos sobre os passos mais adequados que o país deve tomar, disse Fernandes”.
Para a definição de melhores estratégias para Moçambique encontram-se reunidos em Maputo membros do Comité Consultivo de Peritos para Eliminação da Oncocercose (CCPEOM), peritos internacionais de saúde e representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Durante o evento os participantes vão procurar a melhor abordagem da Oncocercose, discussão do plano de trabalho, áreas prioritárias da acção de curto e longo prazo, exames de co-endemicidade da filaríase e abordagem do Instituto Nacional de Saúde com base nos critérios internacionais.
(AIM)
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