Nacala, (Moçambique), 04 Mai (AIM) – O Secretário-geral do Sindicato Nacional de Jornalistas de Moçambique (SNJ), Faruco Sadique, entende que o actual cenário de crise ambiental, a nível global, sugere que os profissionais da classe têm um grande leque de opções de trabalho para abordar nas suas redacções.
Sadique falava, sexta-feira, na cidade portuária de Nacala, província de Nampula, por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, assinalado, este ano, sob o lema “Uma Imprensa para o Planeta: Jornalismo Diante da Crise Ambiental”.
“Temos, pois, muita contribuição a dar, como jornalistas, na preservação do ambiente. O que é preciso é fazê-lo através de um jornalismo responsável e inclusivo”, afirmou.
O SNJ aproveitou a data para promover debates em diferentes pontos do país e particularmente em Nacala, onde houve plantio de árvores para contribuir no combate à erosão, calamidade bastante acentuada naquele que é o segundo principal centro urbano da província de Nampula.
Sadique centrou a sua abordagem nos conceitos e desafios ambientais, em Moçambique, para além das oportunidades que esta área oferece ao jornalismo nas suas múltiplas funções sociais.
“Este cenário de ‘crise ambiental’, que se impõe à sociedade contemporânea moçambicana, trazendo consigo um sentido de urgência por mudanças de rumo e de visões do país sobre o ambiente, abre espaço para que a comunicação social e os jornalistas moçambicanos, em particular, tenham um grande leque de opções de trabalho, para abordar nas suas redacções”, anotou.
Sadique observou que o espaço mediático, para colocar em evidência a crise ambiental global, não tem sido devidamente ocupado pela comunicação social, pelo que urge acções de mudança, transformando-se, por isso, num desafio e oportunidades para o jornalista em Moçambique.
Documentando-se com análises de especialistas, fez notar que estes concluíram que os “media”, não estando alheios aos assuntos sobre a problemática do ambiente, abordam, de forma ocasional, os acontecimentos na sua vertente informativa.
“Nos jornais analisados, que são representativos do espectro da imprensa em Moçambique, há pouco espaço especificamente destinado às questões ambientais e, nos raros casos em que tais espaços dedicados existem, os assuntos são objecto de uma abordagem basicamente noticiosa, virada a factos ou acontecimentos. Logo, salta à vista o facto de, no país, as oportunidades de pautas de jornalismo ambiental na comunicação social, ainda pouco preenchidas, continuam amplamente abertas”, disse.
É convicção do responsável da mais antiga organização dos jornalistas moçambicanos que, tendo em conta o importante papel de mediação do jornalismo, há espaço para melhor e maior intervenção.
“Acreditamos que as redacções espalhadas por todo o país, incluindo as das mais de uma centena de rádios comunitárias que funcionam em cerca de dois terços dos distritos de Moçambique, têm o desafio de colocar o ambiente como prioridade da agenda editorial, elaborando trabalhos jornalísticos previamente planificados e de maior profundidade e, não (apenas) ocasionalmente, em circunstâncias como as de eventos oficiais”, desafiou.
E por causa disso, Sadique anunciou que o SNJ abraçou uma iniciativa de um grupo de jornalistas que constituiu a Associação de Jornalistas Ambientais (AJA) que incentiva os membros e outros profissionais da comunicação social a escreverem e publicarem com regularidade matérias sobre o ambiente.
“É nossa proposta que, para estimular ainda mais o jornalismo ambiental, visando despertar maior atenção da população sobre a necessidade de preservar o ambiente, se afigura necessário alargar a distinção e reconhecimento de trabalhos jornalísticos sobre o ambiente, focando-se, particularmente, em questões de natureza específica sobre a matéria”, assinalou.
“Podemos citar, a título de exemplo, um prémio de jornalismo sobre a caça furtiva; outro sobre energias novas e renováveis ou sobre boas práticas de gestão de resíduos sólidos”, defendeu Sadique.
Ressaltou a importância, também, do investimento na capacitação e formação dos jornalistas em matérias relativas ao ambiente.
“O já citado estudo referente ao trabalho dos jornais, poderia ajudar no olhar e elaboração mais profunda sobre problemas ambientais locais e globais, incluindo a relação humana com a natureza, o que contribui, em última análise, para a educação ambiental e cidadania na preservação do ambiente”, concluiu.
(AIM)
(Rosa Inguane)dt