
PODEMO's presidencial candidate, Venâncio Mondlane
Maputo, 21 Out (AIM) – O Capítulo Moçambicano do Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA Moçambique) (MISA) repudia a violência perpetrada pela Polícia da República (PRM) ao disparar contra jornalistas quando estavam a entrevistar o candidato presidencial, Venâncio Mondlane.
Na semana passada, Mondlane convocou uma greve geral para protestar contra os resultados das VII eleições presidenciais e legislativas e IV para os membros das assembleias provinciais e de governador de província, que tiveram lugar a 09 de Outubro último.
Mais tarde, Venâncio Mondlane anunciou uma marcha para protestar contra o assassinato do advogado Elvino Dias, e o mandatário do Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) um partido extraparlamentar, crime ocorrido na noite de sexta-feira (18).
Através de diversas filmagens feitas no local, um cordão de segurança da PRM aproximou-se ao local onde os jornalistas encontravam-se a entrevistar Mondlane, deitando tiros de borracha e gás lacrimogéneo, facto que concorre para a interrupção da entrevista, dispersando os jornalistas e criando uma tensão.
“O MISA repudia o acto e apela às Forças de Defesa e Segurança a terem uma actuação profissional. Mesmo reconhecendo que a sua actuação pode requerer o uso de gás lacrimogéneo, tal não deve ser indevidamente feito e restringido o direito das liberdades de expressão e de imprensa”, diz um comunicado do MISA postado no site da agremiação.
O MISA exige que seja feita uma investigação sobre o caso, para apurar se a Polícia actuou ou não dentro dos limites permitidos.
Diz a nota que a agremiação vai ainda usar a sua posição de defensor dos jornalistas para “tudo fazer para esclarecer e responsabilizar”, caso seja aplicável, aos agentes da Polícia que estiveram por detrás do grave ataque contra jornalistas.
Nestes tempos de tensão, o MISA adverte a todos os jornalistas a realizarem o seu trabalho, cumprindo com os protocolos de segurança, por forma a evitar que sejam alvos da acção da Polícia e dos manifestantes.
Além de fazer dos jornalistas alvo, a Polícia, segundo o MISA, deve reconhecer a importância do seu trabalho de reportar os acontecimentos caóticos que estão a marcar o período pós-eleitoral para o país e o mundo, sendo, por isso, necessário garantir a sua protecção.
Por isso, insta as autoridades a evitar o uso indevido da força e a respeitarem as liberdades de expressão, manifestação e de imprensa.
O MISA ainda não terminou o levantamento dos danos causados pela má actuação da Polícia, mas tem registo de que houve ferimentos de três jornalistas que se encontravam no local.
Informações registadas pela AIM afirmam que os três jornalistas estão fora do perigo estando actualmente no seio familiar.
Mondlane convocou manifestações para repudiar os resultados das eleições, cujo apuramento distrital que conferem uma vantagem significativa ao candidato presidencial, Daniel Chapo, suportado pela Frelimo, partido no poder.
Concorrem igualmente nas eleições presidenciais, Ossufo Momade, apoiado pela Renamo, o maior partido da oposição, e Lutero Simango, pelo Movimento Democrático de Moçambique, o segundo da oposição.
A Comissão Nacional de Eleições, órgão central e deliberativo no contencioso eleitoral, afirmou que os resultados poderão ser divulgados durante a semana em curso.
(AIM)
AC/sg