Maputo, 23 Out (AIM) – A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) afirma que o país perdeu mais de 1,4 mil milhões de meticais (22 milhões de dólares, ao câmbio corrente) devido à paralisação de actividades durante a greve da passada segunda-feira, convocada pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane.
Falando numa conferência de imprensa que teve lugar hoje em Maputo, o presidente da CTA, Agostinho Vuma, explicou que o sector informal foi o mais atingido, com uma paralisação de cerca de 90 por cento.
O facto deveu-se à falta de transporte semi-colectivo de passageiros.
Muitos operadores de autocarros retiraram os seus veículos da estrada na manhã de segunda-feira, com medo de serem atacados e vandalizados.
Com os clientes incapazes ou sem vontade de circular mais por Maputo, muitos vendedores informais fecharam durante o dia.
Vuma disse que as perdas económicas para a classe trabalhadora e as suas famílias, especialmente os jovens, foram enormes “numa altura em que o país enfrenta o problema do desemprego”.
Vuma manifestou a sua preocupação com os confrontos ocorridos entre manifestantes e Polícia, pois podem impactar negativamente na imagem internacional do país e afastar os turistas.
“Isto colocará em causa as perspectivas de chegada dos 360 mil turistas nesta quadra festiva e possíveis perdas de receitas retidas em cerca de 50 milhões de dólares”, afirmou.
Referiu que na segunda-feira, o ensino privado fechou completamente e a maioria dos restaurantes da capital do país, Maputo, foram encerrados.
No parque industrial de Beluluane, o maior parque industrial do país, distrito de Boane, província meridional de Maputo, menos de 50 por cento das empresas estavam abertas.
“As próprias empresas não fecharam, mas relatam que os seus trabalhadores enfrentaram dificuldades de circulação devido à limitada disponibilidade de transporte”, disse.
Mas as manifestações não afectaram todo o país.
Na província nortenha do Niassa, a situação foi descrita como “calma” com pequenas paralisações.
A província vizinha de Nampula também estava tranquila, mas provavelmente porque muitas instituições, especialmente lojas, decidiram não abrir.
Nas províncias de Inhambane e Gaza, no sul, a situação foi relatada como calma, com os locais de trabalho a abrirem e a fecharem normalmente.
Assim, a afirmação de Mondlane, proferida terça-feira (22) de que as manifestações paralisaram 95 por cento das actividades empresariais parece ser um exagero.
Mondlane alega que convocou a manifestação para repudiar os resultados das eleições, cujo apuramento provincial confere uma vantagem significativa ao candidato presidencial, Daniel Chapo, suportado pela Frelimo, partido no poder.
Concorrem igualmente nas eleições presidenciais, Ossufo Momade, apoiado pela Renamo, o maior partido da oposição, e Lutero Simango, pelo Movimento Democrático de Moçambique, o segundo da oposição.
A Comissão Nacional de Eleições, órgão central e deliberativo no contencioso eleitoral, vai divulgar os resultados na tarde de quinta-feira (24).
(AIM)
AC/sg