Maputo, 13 Nov (AIM) – A cidade de Maputo, capital moçambicana, acordou timidamente na manhã desta quarta-feira devido ao receio da eclosão de novas manifestações violentas, à semelhança das registadas na semana passada.
As manifestações são convocadas pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane, suportado pelo partido Povo Optimista Para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), que contesta os resultados do escrutínio de 09 de Outubro último, alegando fraude.
A reportagem da AIM visitou vários bairros periféricos, onde constatou que o ambiente era tranquilo, pelo menos no período da manhã e início da tarde.
Na capital moçambicana, todas as instituições públicas abriram as portas, incluindo ministérios, tribunais, escolas, hospitais, serviços de migração, entres outras.
Enquanto isso, o comércio denotava um certo abrandamento, com algumas lojas a optarem por permanecerem encerradas por medo de vandalização e pilhagem.
Na baixa da cidade, a zona de maior concentração do comércio informal o movimento era calmo e diferente. O Porto de Maputo também registou fraco movimento, sendo que as operações ocorreram, ainda que a meio gás.
Na estação central dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), na baixa da cidade, as locomotivas de partida e chegada buzinaram, trazendo pessoas de vários pontos, mas sem registo do movimento habitual, caracterizado por maior fluxo de pessoas e bens.
Na avenida Eduardo Mondlane, palco de manifestações no dia 07 de Novembro, na tentativa frustrada dos manifestantes entrarem para o coração da cidade de Maputo, o ambiente esteve calmo, com o serviço de transporte público a funcionar normalmente, embora com relativo fraco movimento.
As zonas suburbanas da cidade, locais que por natureza registam maior adesão às manifestações desde o seu início no dia 21 do mês passado, hoje, os bairros decidiram levar uma vida normal, pelo menos nas primeiras horas e início da tarde, quando a reportagem da AIM fez a sua habitual ronda.
No Mercado Grossista do Zimpeto, registou-se um movimento normal, de entrada de compradores e vendedores de produtos básicos de consumo, como cebola, batata, tomate, entre outros vegetais que são a base da dieta das populações na zona sul do país e não só.
Nos bairros de Hulene e Xiquelene, espaços caracterizados por forte presença do comércio informal, as actividades decorreram normalmente, registando fluxo habitual de pessoas que se faziam as compras nos principais mercados locais, auxiliado pela circulação normal do sistema de transportes semi-colectivos e públicos.
No mercado de Xipamanine, o maior da cidade de Maputo, o fluxo de vendedores e compradores era característico de um dia normal, apesar da convocação da manifestação com apelo de encerramento de todas as actividades comerciais.
Neste mercado, AIM ouviu vendedores e compradores que partilharam as suas motivações que os levaram a sair de casa. “Não tenho outra alternativa, tinha que vir vender para o meu ganha pão. Dependo disso para alimentar a família”, disse uma mulher vendedora de produtos alimentares no mercado de Xipamanine.
“Vim fazer compras para deixar em casa, tenho medo que a situação piore nos próximos dias, por isso arrisquei sair hoje”, disse um cidadão que vinha do bairro de Laulane para fazer compras naquele mercado.
No bairro do Chamanculo, o ambiente de movimentação de pessoas no interior do bairro não dava nenhuma indicação de distúrbios. O cenário era marcado por barracas abertas vendendo tranquilamente e crianças a caminho da escola.
Na avenida de Moçambique, um dos principais corredores da entrada à cidade de Maputo, o fluxo de viaturas era razoável e os transportes públicos e semi-colectivos operaram quase na plenitude, excepto um e outro operador.
No entanto, apesar da relativa normalidade, o espectro de manifestações ainda paira nos bairros, com alguns grupos de jovens reunidos em pequenos aglomerados, prenunciando que a qualquer momento poderiam criar agitação não obstante a advertência do comandante-geral da Policia, Bernardino Rafael, proferida na noite de terça-feira.
(AIM)
Paulino Checo (PC) /sg