Maputo, 27 Nov (AIM) – As comunidades Cristã, Islâmica, Hindu e Bahai manifestaram esta quarta-feira (27) a sua disponibilidade para o seu engajamento na disseminação de mensagens sobre o HIV e SIDA nas casas de culto, particularmente na eliminação da estigmatização e discriminação de pessoas vivendo com o vírus.
Estatísticas das autoridades sanitárias indicam que 80 mil moçambicanos foram infectados em 2023, cerca de 2,4%, o que representa uma redução quando comparado ao ano 2022 com registo de 97 mil infectados.
As províncias da Zambézia, Nampula e Sofala são as que registam uma maior incidência e Tete a menor. Igualmente, houve registo de 44 mil mortes relacionadas com o SIDA, bem como o registo de 10% em relação à transmissão do vírus da mãe para o filho.
A informação foi partilhada esta quarta-feira (27), em Maputo, por Francisco Mbofana, Secretário Executivo do Conselho Nacional de Combate ao HIV e SIDA (CNCS), em conferência de imprensa alusiva à cerimónia de lançamento do Dia Mundial do SIDA, que se assinala a 1 de Dezembro sob o lema “Seja Solidário, diga Não ao estigma e à discriminação”.
É neste contexto que o IMASIDA realizou em 2015 um inquérito sobre o estigma e a discriminação relacionados ao HIV, tendo indicado que, “24% da população em geral, relatou ter atitudes discriminatórias”.
“Não cuidar de um parente, não comprar verduras a um vendedor e professor é uma atitude discriminatória para com as pessoas que vivem com o HIV”, disse.
No que se refere a estas, cerca de 3% reportaram ter lhes sido negado serviços de saúde nos 12 meses anteriores ao inquérito e, 20% evitaram procurar os serviços de saúde por receio de estigma.
Mbofana entende que, “as pessoas vivendo com o HIV têm direito à protecção contra a discriminação e a uma vida digna em que atitudes estigmatizantes não impeçam o usufruto dos seus outros direitos, incluindo os direitos à saúde, ao trabalho, à justiça, à privacidade, à família, à autonomia corporal e outros direitos”.
Por seu turno, o Director Executivo da Plataforma Inter-Religiosa de Comunicação para a Saúde (PIRCOM), Bispo Dinis Matsolo, disse que os líderes religiosos enfrentam vários desafios durante o processo de disseminação de mensagens sobre o HIV, entre os quais, a resistência que paira nalgumas comunidades em relação ao tratamento médico, o que coloca em risco a saúde de muitos nesta situação”.
Garantiu trabalho contínuo em colaboração com o CNCS e parceiros, para o combate do estigma e discriminação de pessoas vivendo com este vírus e superação destas resistências a nível das comunidades.
Matsolo entende que este cenário só será revertido, “através do envolvimento de parceiros específicos que, em conjunto possamos dialogar com as comunidades e explicar, de forma clara e respeitosa a importância dos medicamentos e o papel fundamental que desempenham na prevenção de complicações e na melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem com o HIV”,
“Acreditamos que com a colaboração dos líderes e apoio dos parceiros podemos superar este desafio e garantir que todos tenham acesso à informação e tratamento adequado, e possam viver com dignidade e saúde”, afirmou.
Matsolo mostrou ainda envolvimento e determinação de todos líderes religiosos, “em continuar a usar os espaços de culto ao longo de todo Dezembro vermelho, durante encontros para maximizar a disseminação de mensagens na luta contra o estigma e discriminação de pessoas vivendo com o HIV e SIDA”.
Já, o representante da Comunidade Muçulmana, Shake Mussagy, referiu que, “inicialmente, o envolvimento nesta causa foi tímido, pois acreditávamos que os valores e princípios religiosos seriam suficientes para proteger a comunidade do HIV, por isso havia muito relaxamento e se distanciava deste problema e dos apelos da CNCS para aderir à causa”.
Salientou que, muitas matérias abordadas no CNCS entravam em choque com o modus operandi da comunidade muçulmana e, não só. Situação que prevaleceu até a PIRCOM intervir de forma directa com as comunidades religiosas em relação à nossa actuação.”
“Reconhecemos que, o que está em causa é o comportamento humano e não os valores morais, por isso hoje falamos sobre o HIV e SIDA com muita naturalidade nos cultos”, disse.
(AIM)
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