Maputo, 27 Nov (AIM) – A cidade de Maputo, capital moçambicana, voltou a ser palco de manifestações populares, convocadas pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane, que reivindica os resultados das eleições gerais de 09 de Outubro último.
Venâncio Mondlane reclama os resultados do apuramento central das VII eleições presidenciais e legislativas e IV para as assembleias provinciais e de governador de província, ocorridos a 09 de Outubro último, divulgados a 24 de Outubro, pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) que dão vitória ao candidato presidencial Daniel Chapo, suportado pela Frelimo, partido no poder.
Como forma de exprimir a sua insatisfação, os manifestantes voltaram a colocar barricadas nas principais artérias para impedir o fluxo normal do trânsito, criando um verdadeiro caos na urbe e forçar os munícipes de Maputo e Matola a percorrer vários quilómetros.
Na avenida 24 de Julho, por baixo dos pilares da ponte Maputo-Ka Tembe, o engarrafamento iniciou precisamente as 08h00 da manhã, com os manifestantes a transformarem a via num parque de diversão, juntando crianças e jovens, para além do arremesso de pedras para os condutores que ousassem passar por lá.
Nas avenidas 25 de Setembro, Karl Marx, Filipe Samuel Magaia, entre outros pontos na baixa da cidade, as ruas estavam bloqueadas, tanto por viaturas de particulares, como de barricadas que impediram a circulação de viaturas.
Já defronte ao emblemático edifício do Banco de Moçambique havia jovens a jogar futebol na estrada, uma indicação clara de que aquela via não era para viaturas.
Ao longo das estradas, os manifestantes espalhavam lixo e arrastavam os contentores para o meio das vias, obrigando os automobilistas que insistiam em prosseguir a sua marcha a parquear as suas viaturas.
O epicentro das manifestações foi no Ponto Final, na esquina entre as avenidas Eduardo Mondlane e Guerra Popular, onde centenas de jovens decidiram acampar para impedir a circulação. A polícia viu-se obrigada a agir para repor a ordem e segurança no local, com recurso aos métodos de dispersão de massas, disparando granadas de gás lacrimogénio.
O caso mais triste foi o atropelamento de uma manifestante por um carro das Forças de Defesa e Segurança. A manifestante foi levada imediatamente o Hospital Central de Maputo.
O acto provocou a ira dos protestantes, que resultou num confronto directo com a polícia, com um misto de pedras e granadas de gás lacrimogéneo.
Nas zonas suburbanas, o ambiente era igualmente volátil, particularmente nos bairros da Polana Caniço, Maxaquene, Urbanização, Xiquelene, Hulene, entre outros.
A polícia tentou repor a circulação normal de viaturas, mas já reinava receio por parte dos motoristas.
A situação voltou a afectar gravemente o comércio na cidade, tanto formal como informal, com falta de compradores.
Muitas lojas até estavam abertas, mas começaram a encerrar por voltas das 13h00 devido a ausência de clientes.
As instituições públicas e privadas, também funcionaram normalmente, mas com pouca procura dos serviços por parte do público que encontrou dificuldades para ter acesso ao centro da cidade.
A terceira etapa da quarta fase das manifestações, tem duração de três dias, irá até sexta-feira feira.
Refira-se que, na terça-feira, o diálogo entre os três candidatos presidenciais marcado pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, para encontrar solução para actual crise pós-eleitoral, ficou inviabilizado pela ausência do Venâncio Mondlane que se encontra em parte incerta.
Face a não realização da reunião, o Chefe do Estado a comprometeu-se a encontrar outro figurino para realizar o tão esperado diálogo, que se espera ser a chave para pacificação e unificação do país.
(AIM)
PC/Sg