
Moçambique e África do Sul discutem fluxo de carga no Corredor de Maputo
Maputo, 30 Dez (AIM) – O ministro moçambicano da Indústria e Comércio; Silvino Moreno, afirma que navios com diversa mercadoria, sobretudo arroz, enfrentam dificuldades para escoar produtos alimentares no Porto de Maputo, por causa das manifestações pós-eleitorais violentas que impedem a circulação de camiões de mercadorias nas cidades de Maputo e Matola, sul do país.
As manifestações, que se arrastam há cerca de três meses, são convocadas por Venâncio Mondlane, antigo candidato presidencial do partido PODEMOS derrotado nas VII eleições gerais de 09 de Outubro último.
Falando à imprensa, minutos após o término do encontro entre as Câmaras de Negócios de Moçambique e da África do Sul, que teve lugar hoje em Maputo, em formato virtual, Moreno afirmou que os navios estão atracados no Porto de Maputo há semanas.
“O MPDC [Maputo Port Development Company] partilhou connosco a chegada de alguns navios de produtos alimentares, especificamente o arroz, mas que, infelizmente, não podem sair do Porto de Maputo porque os camiões não podem circular nesta situação [das manifestações]”, disse.
Durante a semana finda, centenas de manifestantes, incluindo populares, saquearam diversos produtos alimentares, particularmente o arroz, nos enormes armazéns localizadas no parque industrial da Matola, bem como nas lojas e supermercados das cidades da Matola e Maputo.
Dados ainda não oficiais apontam que mais de 40 armazéns foram pilhados por populares. Por isso, já se faz sentir a escassez de produtos alimentares, sobretudo o arroz, nas regiões do sul do país.
Para melhor coordenação, empresas moçambicanas e sul-africanas criaram, recentemente, um grupo de gestão da crise para o Corredor Logístico de Maputo, por ser a principal rota de exportação e importação utilizado por cerca de 25 empresas sul-africanas.
Moreno explicou que o grupo referido está empenhado em garantir a segurança dos produtos que saem do Porto de Maputo para diversas lojas das cidades capitais do sul do país, incluindo para a vizinha África do Sul, e vice-versa.
“Estamos a falar da própria Shoprite, que importa diariamente várias de toneladas de produtos que nós consumimos nos seus supermercados”, vincou, adiantando que o corredor logístico de Maputo está a funcionar normalmente.
O governante assegurou igualmente que a escolta militar instalada no corredor logístico de Maputo está a exercer a sua devida função, sobretudo na região próxima a fronteira de Ressano Garcia.
Desde o início das manifestações violentas pós-eleitorais, convocadas por Venâncio Mondlane que o corredor tem sido alvo de actos de sabotagem na fronteira de Ressano Garcia.
Os actos de vandalismo incluem destruição de empreendimentos, escritórios, bem como queima de camiões e encerramento de outros postos transfronteiriços do país.
“Aqui não podemos pensar apenas em prejuízos sob ponto de vista económico, mas também há um impacto social que estas manifestações, paralisações vamos ter”, disse.
Na manhã de hoje, Moreno efectuou uma visita de trabalho a província de Maputo, tendo se reunido com o governador e a secretária de Estado, Manuel Tule, e Judith Mussácula, respectivamente.
“Há registos, por exemplo, de vandalização de um armazém que empregava dois mil pessoas; estamos a falar apenas de uma empresa, portanto, vamos ter um impacto muito grande”, vincou.
Participaram no encontro, os vice-ministros, dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, e dos Transportes e Comunicações, respectivamente, Manuel Gonçalves, e Amilton Alissone.
(AIM)
Ac/sg