Damião Trape, da AIM, em Gorongosa
Gorongosa (Moçambique), 31 Jul (AIM) – O Presidente da República, Filipe Nyusi, enalteceu o empenho e o sacrifício dos fiscais das florestas e fauna bravia na protecção e conservação da biodiversidade contra os crimes e riscos ecológicos em Moçambique.
O Chefe do Estado moçambicano falava nesta Quarta-feira (31), no Parque Nacional da Gorongosa, província central de Sofala, durante as celebrações do Dia Internacional do Fiscal das Florestas e Fauna Bravia, que se assinala sob o lema: “Fiscais de Floresta e Fauna Bravia Prontos para a Conservação do Meio Ambiente”.
Explicou que o fiscal é o protector da vida selvagem e do ambiente contra a perda da diversidade biológica, extinção das espécies, desmatamento, queimadas descontroladas, caça e pesca ilegais.
“O fiscal é um herói, mas um herói silencioso que garante a harmonia e a tranquilidade nas nossas áreas de conservação. O fiscal é o nosso guardião, na totalidade do património natural. Bem-haja o fiscal”, vincou.
Para Nyusi, destruir uma parte da natureza “é destruir a flora, é destruir a fauna, é destruir o Homem”, pois há interdependência.
“Desta feita, é com elevada satisfação que, a partir deste icónico reservatório natural da biodiversidade, o Parque Nacional da Gorongosa, nosso Parque de referência, e Parque de Paz, aproveito este dia de celebração para, de viva voz, saudar e agradecer cada fiscal florestal moçambicano em exercício nas nossas áreas de conservação, em todo o território nacional, por tudo o que faz em prol da defesa da biodiversidade”, enalteceu.
No quadro desta celebração, o Presidente moçambicano defendeu ser um momento de reflectir sobre o papel do fiscal da floresta e da fauna bravia.
“Não é um simples emprego, nem para pôr farda e ficar bonito. Eles podiam fazer uma outra coisa se nós fossemos suficientemente conscientes para proteger a natureza. Eles existem também para olhar pelo próprio animal, não só, para olhar por aquele que mata o animal, mas também ajudar o animal quando está em situação de necessidade”, considerou.
Detalhou que o Fiscal existe também para proteger o cidadão, porque há vezes que o animal sai para um sítio onde não devia estar e quem está habilitado para isso é este grupo.
“Ė também, um Dia de recordar e homenagear aqueles que perderam suas vidas em defesa da natureza e protecção da humanidade.
Segundo dados da Federação Internacional de Fiscais Florestais, citados pelo Chefe de Estado, entre Junho do ano passado e Maio deste ano, 140 fiscais morreram em exercício das suas funções, em todo o mundo, maior número dos quais no continente asiático e em África, com 74 e 42 fiscais, respectivamente. Em Moçambique morreram um total de cinco fiscais, no mesmo período, dois dos quais no Parque Nacional da Gorongosa, local que acolheu as cerimónias centrais da celebração da data.
Nos últimos dez anos, de acordo com os mesmos dados, registaram-se mais de 1.300 mortes de fiscais. “Estes dados são apenas os contabilizados, pois muitas mortes não são reportadas ou mesmo conhecidas.”
“Estamos a referir mortes ocorridas em defesa da flora e fauna bravia, esclareceu”, anotou.
Momentos antes do seu discurso da ocasião, Nyusi colocou colares telemétricos a um casal de leões, no quadro de um programa em curso no país visando, entre outros objectivos, monitorar a localização e circulação dos animais nas áreas de conservação, permitindo detectar casos de caça furtiva e conflitos homem-fauna bravia.
Em homenagem aos Acordos de Paz, assinados neste Parque Nacional de Gorongosa entre o Chefe de Estado e o Presidente da Renamo, Ossufo Momade, o leão foi baptizado com o nome de “Master Peace” e a leoa “Madame Peace”.
A cerimónia da celebração do Dia Internacional do Fiscal, dirigida pelo Presidente da República, foi testemunhada pelos membros do governo e das áreas nacionais de conservação, parceiros de cooperação e comunidade local.
(AIM)
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