Maputo, 22 Ago (AIM) – O Governo moçambicano, através do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, convida a sociedade a apostar no agro-processamento como forma de aproveitar, na íntegra, os produtos agrícolas das comunidades.
O desafio foi lançado esta quinta-feira (22), em Maputo, pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), Daniel Nivagara, durante o VII Seminário Nacional de Divulgação e Gala de Premiação de Inovações de Agro-Processamento.
No evento, Nivagara destacou que o Agro-processamento é estratégico para o desenvolvimento sustentável do país.
Referiu que Moçambique possui imenso potencial agrícola para hortícolas, cereais, leguminosas, raízes e tubérculos, entre outras culturas.
“O processamento de produtos agrícolas representa uma grande oportunidade para criar emprego, reduzir a pobreza, e aumentar a segurança alimentar, especialmente nas zonas rurais”, disse.
No entanto, segundo Nivagara, a maior parte da produção é consumida em trechos, sem o processamento para suprir as necessidades em épocas de escassez, fazendo com que grande parte dos produtos alimentares processados continue a ser importada.
Cereais, frutas, raízes e tubérculos, constituem produtos de agricultura moçambicana mais consumidos pela população, especialmente nas zonas rurais.
Por isso, no presente ano de 2024, foi lançada a III edição do Concurso Nacional de Inovações para o Desenvolvimento Comunitário, que teve o agro-processamento como temática de abordagem, iniciativa que visa descobrir e promover soluções neste sector.
“Nesta edição, tivemos a participação de 252 propostas de inovações provenientes de todos os cantos do nosso Moçambique, versando sobre várias áreas como o agro-processamento em cereais, carnes, peixes, frutas, raízes e tubérculos”, afirmou.
Acrescentou que “as soluções apresentadas pelos nossos inovadores são um reflexo da criatividade e do compromisso dos moçambicanos em contribuir para o desenvolvimento do país”.
Tal desenvolvimento, apontou, seria a partir de soluções locais para desafios locais, mas também uma prova inequívoca da aplicação do conhecimento e da ciência para gerar soluções que empoderem as comunidades, e engrandeçam as oportunidades de desenvolvimento.
Por sua vez, o Presidente do Conselho de Administração da Bolsa de Valores (BVM), Salim Valá, reconheceu a fraqueza de financiamento neste sector, que recebe em média 04% do crédito local.
“Precisamos de um sistema robusto e integrado, onde operam distintos actores na perspectiva de longo prazo, bem como convergir sinergias para a implementação de políticas estruturantes de Ciência, Tecnologia e Inovação”, sublinhou.
Uma outra fonte, Egas Albino, especialista em agro-processamento da mandioca para a produção de farinha, amido, e vários outros derivados, actividade que realiza há dez anos, na qual conta com onze colaboradores, disse que, entre 2023 e 2024, investiu perto de 400 mil dólares de fundos próprios.
Este facto levou-o a apontar a falta de apoio financeiro como principal constrangimento para o desenvolvimento da actividade.
“Como se pode entender, não há, no país, instituições que se dedicam ao apoio exclusivo à componente de inovação. Nós podemos ter a ideia de identificarmos uma solução ou um equipamento para o processamento, mas essa ideia precisa ser sustentada financeiramente”, rematou.
Para o efeito, recomendou ao Governo a buscar apoio financeiro exclusivo para o sector “para desenvolvermos ou ampliarmos as nossas ideias”.
O evento, que decorre de 22 a 23 de Agosto em curso, foi organizado pelo MCTES, através do Centro de Investigação e Transferência de Tecnologias para o Desenvolvimento Comunitário (CITT), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), ATMS (Fundação Maurícias para os Processos de Inovação), EMOSE (Empresa Moçambicana de Seguros), Fundo Nacional de Investigação (FNI), Confederação das Associações Económicas (CTA) e Televisão de Moçambique (TVM).
Hoje (22), primeiro dia, o evento foi marcado por uma exposição de produtos resultantes do agro-processamento.
No segundo dia, serão assinados dois memorandos de entendimento entre o CITT, Instituto da Propriedade Industrial (IPI), a Empresa Nacional de Parques de Ciência e Tecnologia (ENPCT), e BVM, para além de entrega de certificados de participação aos inovadores e premiação das três melhores inovações.
(AIM)
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