
Maputo, 24 Out (AIM) – O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) propõe uma auditoria forense dos boletins de voto ou repetição do escrutínio por considerar que os resultados da votação de 09 de Outubro não espelham a vontade manifestada pelo povo nas urnas.
“Nós pensamos em duas vias possíveis para a credibilização deste processo eleitoral. A primeira via é a auditoria forense e a segunda é a repetição das eleições na base de correcção das ilegalidades verificadas”, disse Lutero Simango, presidente do MDM, que falava em conferência de imprensa para reagir aos resultados eleitorais.
Com a auditoria forense, o MDM espera que haja verificação dos boletins de todas as mesas de votação na sua totalidade, incluindo as respectivas atas e editais.
“Isto é, aquilo que está nas mesas de votação deve corresponder, em termos numéricos, com o que está escrito nas atas e editais”, explicou Simango.
A divulgação dos resultados das eleições gerais e das assembleias províncias em Moçambique foi feita na tarde desta quinta-feira (24), pelo presidente da CNE, Dom Carlos Matsinhe.
Segundo os dados da CNE, para as presidenciais o candidato do MDM – outrora segunda maior força política de oposição – conseguiu 223.066 votos, ou seja 3.21 por cento do total dos votos válidos.
Para as legislativas, o MDM conseguiu apenas quatro, dos 250 assentos disponíveis na Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano.
Simango disse que os resultados “foram manipulados” com objecto de retirar os mandatos do seu partido na AR.
Aliás, com base nos resultados da contagem paralela feita pelo MDM, Simango disse que o partido devia ter um total de 23 deputados resultantes do cumulativo de todas as províncias, nomeadamente, Cidade de Maputo com dois; província de Maputo com três; Inhambane um, Sofala cinco, Manica um; Tete um, Zambézia três, Nampula quatro, Cabo Delgado dois e Niassa com um deputado.
Assim, o MDM diz que em face às irregularidades, os resultados eleitorais não podem ser aceites, porque não reflectem a justiça eleitoral.
Caso não seja reposta a “justiça eleitoral”, o MDM ameaça uma mobilização generalizada para protestos contra os resultados.
Paralelamente, o partido promete uma batalha jurídica e política para assegurar que haja reposição da verdade eleitoral que reflicta a vontade popular dos moçambicanos.
Entre as irregularidades apontadas pelo MDM destaque vai para casos de enchimento das urnas, que terá resultado na discrepância entre o número total dos boletins de voto para cada eleição e o número dos eleitores inscritos no caderno eleitoral da respectiva mesa.
“A discrepância ronda na casa dos 81 mil eleitores. Por isso, afirmamos aqui, com toda a certeza, que houve enchimento nas urnas”, disse.
Os resultados divulgados pela CNE dão vitória – com cerca de 70 por cento – à Frelimo e elege o seu candidato presidencial, Daniel Chapo, como o quarto presidente de Moçambique democrático.
O MDM, de Lutero Simango, foi o quarto partido mais votado, com cerca de três por cento dos votos, a Renamo teve cerca de cinco por cento, passando para o terceiro lugar, afastado pelo PODEMOS – partido que apoiou a candidatura de Venâncio Mondlane, que está na segunda posição.
(AIM)
SC/mz