
Maputo, 20 Mar (AIM) – Moçambique está a registar avanços na expansão dos serviços de saúde oral em quase todas as onze províncias com a excepção da Zambézia e Cabo Delgado, centro e norte do país respectivamente.
“Neste momento, a cobertura de distritos com serviço de estomatologia é de 95%, ou seja, quase todos os distritos têm pelo menos um serviço de estomatologia, com excepção das províncias da Zambézia e Cabo Delgado”, disse a directora nacional do Programa de Saúde Oral, Marta Mapengo.
Falando esta quinta-feira (20), em Maputo, no 1° workshop do Serviço de Estomatologia do HCM (Hospital Central de Maputo), Mapengo revelou que existem, no país, 261 serviços de estomatologia.
Segundo Mapengo, os avanços tem se registado, igualmente, na expansão de recursos humanos, onde o Serviço Nacional de Saúde (SNS) possui 692 profissionais de saúde oral, dos quais 4,7% especialistas, 50,8% médicos dentistas, 41,3% técnicos de estomatologia, 1,4% técnicos de prótese, 1,5% agentes de estomatologia e 1,4% enfermeiros capacitados em estomatologia.
Relativamente ao número de pacientes que procuram os serviços, a fonte revelou que, nos anos de 2022 a 2023, houve um aumento de consultas em 30%, e no ano de 2023 os serviços de estomatologia registaram 787.383 consultas (3%).
Referiu também que os principais problemas orais que levam os doentes a procurarem assistência médica são a cárie dentária (cerca de 558.668 pacientes) que correspondem a 70,9%, e a doença periodontal, com 75.461 pacientes (9,6%).
Existe ainda o traumatismo orofacial, com registo de 10.659 pacientes (1,35%), e outras doenças ou condições orais, como má oclusões, noma e fendas orofaciais (18%).
“A boca desempenha importantes funções que se repercutem na saúde do organismo como um todo, além de exercer papel fundamental na fala, na mastigação e na respiração”, disse, explicando que “a falta de cuidados individuais de saúde oral, associado à demora na procura dos serviços de estomatologia, contribui para o elevado peso de doenças orais, afectando a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas”.
Acrescentou que a boca é a maior cavidade do corpo a ter contacto directo com o meio ambiente, sendo a porta de entrada para bactérias e outros microrganismos prejudiciais à saúde. “Além disso, o consumo de álcool e do tabaco e má alimentação estão directamente relacionados com as doenças orais e doenças crónicas”.
Para Mapengo, os cuidados com a saúde da boca devem ser mantidos, “mas devemos estar atentos a todas alterações que podem ocorrer na boca, porque esses sinais podem indicar que existe alguma doença no nosso corpo, como a diabetes, HIV, entre outras doenças”.
Assim, para a celebração do 20 de Março, com o lema internacional: “Uma boca feliz contribui para uma mente feliz”, serão realizadas palestras sobre a importância da higiene oral; demonstração das técnicas de escovagem dentária e o uso do fio dentário, para além das principais doenças orais como a cárie dentária e doença periodontal, entre outras.
Também farão parte rastreios de doenças orais nas escolas, tratamento restaurador atraumático e escovagem supervisionada com pasta dentífrica fluoretada.
As actividades de celebração do 20 de Março decorrem em todo o país, nos orfanatos, escolas primárias e secundárias, comunidades e as cerimónias centrais com palco na Escola Primária Completa do Alto-Maé, na cidade de Maputo.
A fonte revelou que “a nossa meta para este ano é atingir 110 mil indivíduos que vão beneficiar de 70.272 mil kits de escova e pasta dentífrica para as crianças das escolas primárias, distribuídos pelo MISAU (Ministério da Saúde) “.
No entanto, considera o grupo alvo toda a população, em especial crianças e adolescentes “porque são receptíveis à mudança de hábitos”.
“Ao incutirmos bons hábitos nessa tenra idade, esperamos que na fase adulta continuem com estes hábitos correctos de higiene oral. A nossa visão é que os adultos sejam livres de doenças orais”, referiu Marta Mapengo.
Por sua vez, o director do HCM, Mouzinho Saide, enalteceu o contributo dos profissionais de saúde oral, na melhoria da qualidade de vida da população. “Os profissionais que trabalham nesta área se dedicam para que todos tenham o melhor sorriso e a melhor apresentação facial”, frisou.
Segundo Saíde, no HCM, em particular, o nível de satisfação dos pacientes tem estado a aumentar, não obstante as dificuldades enfrentadas como na garantia do acesso universal e na acessibilidade dos cuidados essenciais de saúde oral; melhoria do compromisso político e de recursos para a saúde oral e a integração dos cuidados de saúde oral essenciais nos cuidados de saúde primários.
(AIM)
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