
Lusaka, 29 Nov (AIM) – O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças em África (África CDC) pretende transformar o continente africano no maior produtor do conhecimento científico e fonte de soluções no panorama global da saúde pública.
Como prova dessa orientação científica, a entidade está a financiar uma plataforma para jovens investigadores que poderão divulgar seus trabalhos, na qual cerca de 100 pesquisadores farão apresentações e outros 200 participarão da exposição, dentre os quais moçambicanos assistidos pelo Instituto Nacional da Saúde (INS).
Nos últimos anos, a organização vai alargar os seus horizontes para colocar o continente numa posição de catalisador da inovação e investigação científica, para gerar novos conhecimentos e produtos no campo da saúde pública, capaz de impactar positivamente à escala global.
É por via dessa aposta na investigação que o continente vai investir 1.5 biliões de dólares norte-americanos em toda infra-estrutura de produção de vacinas locais, operação que deverá ser suportada pela inovação e conhecimento científico gerado a nível do continente.
A abordagem foi confirmada hoje, em Lusaka, capital da Zâmbia, país que acolhe a Conferência Internacional Sobre Saúde Pública CPHIA 2023, pela co-presidente do CPHIA 2023, e Diretora do Instituto de Pesquisa em Saúde, Universidade de Saúde e Ciências Afins na Zâmbia, Margaret Gyapong, num briefing à imprensa.
“O nosso continente é uma fonte de conhecimento extraordinário e inovação. África CDC irá mostrar esta excelência e posicionar África como um continente transformador e com força na narrativa sobre saúde global”, disse Margaret Gyapong.
As discussões em curso no CPHIA 2023 estão reflectir a abordagem que o continente tem para o desenvolvimento da capacidade de investigação, considerado um elemento chave para resolver os desafios de saúde.
Segundo a fonte, as inovações revolucionárias lideradas pelos cientistas, investigadores e empresários africanos estão a impulsionar, colectivamente, um futuro mais saudável e próspero para as populações, confirmando o facto de que o continente está a testemunhar um salto sem precedentes nas inovações tecnológicas da saúde.
“Desde as aplicações móveis de saúde que fornecem consultas remotas e informações de saúde, até plataformas de telemedicina que ligam os pacientes a cuidados especializados, a tecnologia está a colmatar as lacunas no acesso e na prestação de cuidados de saúde”, assegurou.
Afiançou que África CDC está a levar a cabo a vigilância digital de doenças em seis países, e está a desenvolver igualmente indicadores de vigilância digital e on-line para informar sobre a ocorrência de doenças infecciosas, reforçar a vigilância em tempo real, orientar intervenções e construir capacidade para previsão, análise e prevenção de surtos.
Moçambique foi bem referenciado no fórum através da sua vacina da malária (RTS´S), estudada a mais de 20 anos, que se encontra apta para ser administrada às populações num contexto real, fora do contexto do ensaio clínico.
A (RTS´S) passou a última fase piloto que ocorreu nos últimos cinco anos no Gana, Quénia e Malawi, e a questão de fundo era sobre a imunização das crianças uma vez que é administrada em quatro doses, aguardando-se mais detalhes no relatório final da equipa encarregue de monitoria dos efeitos colaterais da vacina ainda este mês.
Outras referências vão para África do Sul, através do Afrigen Lab, centrado nos cuidados de saúde, que está a produzir a primeira vacina mRNA contra a COVID-19 de propriedade africana em parceria com o grupo belga Univercells, o que poderá fornecer um novo modelo para a inovação nos cuidados de saúde e acesso global a medicamentos biológicos e vacinas.
O Quénia, com o apoio da tecnologia PATH da Brink Innovation, uma empresa local de design e consultoria, desenvolveu uma plataforma digital de vigilância comunitária que ajudará os trabalhadores comunitários de saúde e os agentes de vigilância de doenças detectar e relatar riscos de saúde e doenças não comuns, o que aumentará a disponibilidade de dados para uma melhor prevenção e resposta às doenças.
(AIM)
Paulino Checo (PC)/dt
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