
Raparigas moçambicanas
Maputo, 27 Jun (AIM) – Apenas cerca de 30 por cento das mulheres em idade fértil utilizam métodos contraceptivos modernos em Moçambique, bem como apresentam uma taxa de mortalidade materna elevada.
Esta é uma das constatações apresentadas esta quinta-feira (27), pelo representante do Comité de Coordenação da Rede Nacional de Direitos de Saúde Sexual e Reprodutivos, Roberto Paulo, durante o “Workshop de reflexão sobre a Igualdade de Género nos Cuidados de Saúde”
O Workshop surge no âmbito da passagem do 28 de Maio, Dia Internacional da Acção pela Saúde da Mulher, que em Moçambique se assinala sob o lema “Por uma igualdade de género nos cuidados de saúde”.
A fonte justificou que este lema, afirma “remete a todos nós numa reflexão profunda e enérgica que conduza a acções concretas com vista a assegurar uma igualdade de género nos cuidados de saúde”.
O workshop tem em vista consciencializar as raparigas e mulheres, de que podem gozar dos seus direitos, passando necessariamente pelo acesso a serviços de saúde com qualidade.
Reiterou que, Moçambique, à semelhança de outros países pobres do mundo, enfrenta desafios enormes para prover serviços de saúde com qualidade esperada às suas populações e, especialmente às raparigas e mulheres.
Apontou a violência sexual como o principal obstáculo ao acesso à saúde sexual e reprodutiva, onde raparigas e mulheres que sofreram violência sexual, muitas vezes têm dificuldade em buscar e utilizar serviços de saúde devido ao medo, vergonha e a falta de apoio.
“Diante dos enormes desafios existentes, urge a sociedade unir esforços para assegurar o acesso à saúde sexual e reprodutiva de qualidade para todas as raparigas e mulheres, independentemente da cor da pele, religião, etnia, identidade de género, orientação sexual, convicções político-partidárias, entre outros factores que possam ser usados para discriminar”, frisou.
Por sua vez, a consultora de género, outrora Vice-Presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) e Assessora de Género no MISAU, Felisbela Gaspar, referiu que Moçambique é um país bastante complexo, pois aquilo que pode ser válido como intervenção na área de género no norte, pode não ser possível no sul, ou pode ter algumas diferenças de intervenção.
“As intervenções dos homens no apoio às iniciativas de saúde, requerem muito trabalho de campo porque envolvem aspectos culturais e individuais”, explicou.
Num outro desenvolvimento, Gaspar considera ainda um grande desafio, colocar o homem a ajudar a mulher nos trabalhos de casa, bem como no seguimento dos problemas de saúde, seja quando a mulher está grávida, nas consultas pré-natais, no parto e no acompanhamento das crianças à unidade sanitária.
Apesar deste desafio, disse haver avanços, porque “o MISAU cresceu em termos de actividades ligadas a esta área de género e, não só, na defesa da mulher e da rapariga, mas também, incentivou cada vez mais a participação do homem na unidade sanitária”.
Para finalizar, a assessora de Saúde Materno-Infantil do MISAU (SMI), Elsa Jacinto, disse que, a oferta de serviço de saúde sexual e reprodutiva tem vindo a registar grandes avanços porque, além de ser gratuita, as leis concorrem para o bem estar da mulher, por exemplo, a licença de maternidade, que passou de 60 para 90 dias, a licença de paternidade, passou de um para sete dias, permitindo ao parceiro ajudar a mulher após o parto.
“Os serviços aumentaram com o aumento dos problemas, tais como, os de controlo de HIV, tuberculose, malária e anemia, que são as principais causas de morte materna”, enfatizou.
No evento, participaram representantes do Ministério da Saúde (MISAU), Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), Ministério do Género, Criança e Acção Social (MGCAS), Ministério do Interior (MINT), Procuradoria-Geral da República de Moçambique (PGR) e, membros da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos.
(AIM)
NL/sg