Maputo, 04 Nov (AIM) – O MISA Moçambique diz estar a acompanhar, com elevada preocupação, ao escalar de ataques, alguns físicos, outros verbais, contra profissionais de comunicação, no âmbito das manifestações associadas à crise pós-eleitoral que o país vive.
Como organização de defesa e promoção das Liberdades de Imprensa e de Expressão e do Direito à Informação, o MISA desencoraja, nos termos mais veementes, “estes ataques contra a classe jornalística”.
“À medida que a tensão pós-eleitoral se torna cada vez mais grave, estão a multiplicar-se os ataques contra jornalistas, um pouco por todo o país”, refere o MISA Moçambique em comunicado de imprensa, recebido hoje (04) pela AIM.
Um dos mais recentes ataques ocorreu semana passada, em Maputo, a capital moçambicana, quando um grupo de manifestantes arremessou pedras contra uma viatura da Rádio Moçambique (RM), emissora pública de radiodifusão.
Na sequência, um trabalhador da RM ficou ferido, além de danos na viatura.
De acordo com o administrador de produção da RM, Arão Cuambe, o trabalhador atingido estava em pleno exercício das suas actividades profissionais.
Também, na semana passada, o repórter Ernesto Martinho, da Tv Sucesso, uma televisão privada com sede em Maputo, sofreu ameaças verbais contra a sua integridade física e a da sua família, com várias mensagens ofensivas a serem difundidas nas redes sociais digitais.
Inclusivamente, de acordo com o MISA, “há casos de género que são protagonizados por agentes e funcionários do Estado”.
“Depois do grave caso do dia 21 de Outubro último, em que agentes da Polícia dispararam gás lacrimogêneo contra jornalistas que entrevistavam o candidato presidencial Venâncio Mondlane, além de outros profissionais atingidos, feridos e que pararam no hospital, no dia 26 de Outubro de 2024 foi a vez do director dos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE) de Mecanhelas, na província de Niassa, Domingos Erasto”, explica o MISA, no comunicado.
Nesta data, acrescenta, “este dirigente local ameaçou repórteres das televisões Sucesso e Amaramba, e da Rádio Esperança, além de ter arrancado o seu equipamento de trabalho”.
De acordo com o MISA, o caso ocorreu quando os repórteres faziam cobertura das manifestações que têm estado a caracterizar a corrente crise pós-eleitoral.
Relatos colhidos pelo MISA indicam que, “depois de longas horas em que os repórteres exigiam a devolução de seus equipamentos, mais tarde o director do SISE os convocou para manifestar a sua insatisfação pelo registo das manifestações e disparos da polícia”.
Por isso, indica o MISA, ao invés de atacar estes mensageiros, “temos de protegê-los e acarinhá-los para garantir que continuem a exercer a sua actividade, que é vital nestes momentos incertos que estamos a atravessar”.
“Ao atacar profissionais de comunicação social, não estamos a resolver os nossos problemas. Pelo contrário, estamos a caminhar ainda mais para as trevas. Independentemente de discordarmos das linhas editoriais dos órgãos de comunicação, atacar a imprensa é inaceitável e não é digno de pessoas civilizadas, muito menos de quem procura alternativas de governação”, lê-se no comunicado.
Segundo o MISA, mais do que isso, atacar jornalistas representa um grave atentado contra a Liberdade de Imprensa e à própria democracia, sendo a Liberdade de Imprensa um dos mais importantes indicadores de uma democracia.
Face a este cenário, o MISA Moçambique insta às autoridades competentes a adoptarem medidas visando garantir a segurança dos jornalistas e proteger o seu trabalho.
(AIM)
mz